quinta-feira, 31 de maio de 2012

Grécia - Parte III

Pra chegar em Ios, peguei uma lancha rápida. Sabe quando os buggeiros perguntam no Nordeste "Com emoção ou sem emoção?". Pois é, lá não existe a segunda opção. A lancha bate com tanta força na água que às vezes parece que ela vai levantar voo! Pessoas de estômago sensível não devem utilizar esse meio de transporte, fica a dica!
Não tinha reservado nada em Ios e estava meio preocupada. Que nada! Na hora que você chega no porto há dezenas de pessoas esperando pra te "raptar" e levar pra pousada delas. De novo, me lembrou alguns lugares do Nordeste, tipo Jericoacoara. Uma senhora gordinha foi mais rápida e, quando vi, já estava dentro da van que me levaria à pousada. Na verdade, era uma casa onde ela alugava quartos e ficava no meio do caminho, entre a praia e a vila. O quarto era fantástico: duas camas, TV, frigobar, um banheiro só pra mim e uma vista maravilhosa - tudo por 16 euros a diária! Estava no paraíso.
Ios funciona assim: de dia, só praia. À noite, os bares da vila fervem. Então lá fui eu pra praia, por uma trilha "alternativa" que eu mesma inventei, ralando as pernas e enchendo o tênis de carrapicho - a poucos metros dali havia uma escada, que eu só descobri depois de me esfolar toda, claro. As praias de lá têm barracas parecidas  com as nossas (aí o Nordeste de novo) e você pode alugar espreguiçadeiras ou estender a canga (ou toalha, como eles usam na Europa) e ficar lá de bobs, sendo servida pelos garçons, mas sem aqueles vendedores chatos berrando no seu ouvido. Depois de um dia de praia, passava no hotel, tomava um banho, tirava um cochilo e ia pra vila.
Não adianta levar mapa nem GPS, você vai se perder por aquelas vielas de pedra. A vila também é muito bonitinha, mas bem menor que Mykonos. Há vários restaurantes, lanchonetes, barzinhos bem animados - coisa que não vi em Mykonos porque me tranquei no hotel com medo do jamaicano psicopata. Encontrei um boteco cheio, música boa, e fiquei por ali. Conheci um monte de gente, viramos umas tequilas e... não sabia mais voltar pra pousada! O barman, muito solícito, me acompanhou até lá depois do bar fechar.
No dia seguinte, mais praia. Fui pra mesma barraca e o garçon me reconheceu. Batemos papo, ele se ofereceu pra cuidar da minha mochilinha enquanto eu mergulhava, muito gentil. Ainda tinha uma noite e um dia ali, então bora pra vila de novo! Rodei, rodei e acabei parando no mesmo barzinho. Mais fiesta! (aí essa parte foi censurada).
No meu último dia na ilha, antes de voltar a Atenas, acordei mais tarde, fiz o check-out e desci pra praia de mochilão. Meu "amigo-garçom" guardou pra mim e ainda deu pra tomar um solzinho, já que o barco só sairia no fim da tarde. Na hora de pegar minha mochila e perguntar onde eu pegaria o ônibus pra ir pro porto, ele se ofereceu pra me levar até lá. Aceitei. Detalhe: de moto. Lá fui eu, com minha mochila de 200kg nas costas, outra de 50kg na frente, rezando pra não cair daquela lambreta! No meio do caminho ele para e pegunta se pode buscar um casaco em casa, pois estava esfriando. Ok.
Chegando lá, ele me ofereceu um copo d´água e, assim que eu entro, ele pula e tranca a porta! Ai, caceta... Entrei em pânico e tive que usar todos os meus dotes artísticos, chorar feito uma louca, dizer que meu noivo estava me esperando em Roma e um blablablá interminável. Por fim, ele cedeu e abriu a porta. Já do lado de fora comecei a gritar e exigi que ele me dissesse onde passava o ônibus. Mas o ônibus da hora já tinha passado e eu perderia o barco se esperasse o próximo. Tive que ir com ele na moto e, chegando no porto, saltei correndo e nem agradeci a "carona".
Já esperando o embarque, o fdp reaparece e me pede perdão, disse que achou que eu estivesse querendo "porque era brasileira" (tá vendo, meninas?) e no fim ainda pediu meu e-mail! Armênio dos infernos, vai mandar e-mail pro Capeta!! Fiz a viagem de volta aos prantos, com ódio, mas aliviada por ter escapado de ter sido estuprada. Até que cheguei a Atenas e aí vem a última parte da saga grega (senão esse post fica gigante...).

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