quinta-feira, 31 de maio de 2012

Grécia - Parte IV (e última, juro!)

Desculpem tantos posts, mas a Grécia foi o país onde eu conheci mais lugares e passei mais perrengues nesse mochilão solitário. De volta à Atenas (e ao hostel xexelento onde havia deixado meu passaporte), resolvi aproveitar pra visitar os pontos turísticos que eu não tinha conhecido antes e fiz toooodo o recorrido pelos templos, conheci as praças, me meti no meio de uma passeata que eu não tenho ideia sobre o que era... Passei o dia todo caminhando. Cheguei exausta no pardieiro  albergue e fui descansar um pouco. Acho que não comentei antes, mas o "anjo da guarda" que me salvou no aeroporto tinha marcado um jantar comigo naquela última noite que passaria lá. Liguei pra ele umas duas vezes, deixei recado na secretária eletrônica e... NADA. Levei um bolo monumental.
Às 10 da noite, morta de fome, resolvi sair pra comer alguma coisa ali perto. Eu já dei uma dica aqui para procurarem locais próximos ao centro, mas esqueci de avisar uma coisa: dependendo da cidade, o "centro" é a área comercial, ou seja, só funciona durante o dia. Esse muquifo onde eu me hospedei era assim - à noite, a rua era escura, deserta e uma área de usuários de drogas e prostitutas. Perguntei pro recepcionista onde poderia comer alguma coisa e ele disse que havia uma rua de restaurantes umas quatro quadras acima, mas que não era recomendável eu ir andando sozinha. Só que os taxistas continuavam de greve, então... A Fome venceu o Medo.


Dobrei a esquina, coloquei o capuz e corri, corri, corri como se não houvesse amanhã! Run, Forrest, run!! E cheguei, sã, salva, esbaforida e descabelada ao meu destino. No verão ou nos fins de semana essa rua deve ser bastante movimentada, mas numa segunda-feira à noite... Nem tive coragem de escolher algum restaurante, sentei na primeira mesa que vi. Veio um rapazinho muito simpático me atender, me recomendou um prato e começou a conversar. E continuou conversando enquanto eu comia. E depois que eu acabei de comer. Me contou toda a vida dele. Eu só conseguia pensar em como eu ia voltar correndo pro hotel de pança cheia. Aí o garçom disse que estava acabando o turno dele e que ele poderia me acompanhar até o albergue.
Minha última experiência com garçons simpáticos não tinha sido nada agradável, mas... era isso ou correr um risco maior voltando pra lá sozinha. Acabou o turno, ele me apresentou pro chefe e pros colegas ("minha amiga do Brasil") e fomos. Ele disse que aquela rua por onde eu vim era muito perigosa e que conhecia uma caminho mais "seguro". Fui na fé. No meio do caminho ele para num bar e pergunta se eu tomaria um drink com ele, pq ele não tinha amigos, nunca podia sair, que trabalhava demais, mimimi. Fiquei com pena e tomamos alguns drinks. E na hora de ir embora, quem disse que eu me lembrava do nome grego da rua onde ficava o albergue?? Na pressa, saí só com o dinheiro do jantar no bolso. Rodamos todo aquele centro horroroso, mas eu não reconhecia nada, não via nenhum ponto de referência.
Aí ele disse que morava perto e que eu podia passar a noite lá. Jesusjesusjesus! O que fazer numa situação dessas?? Fui na fé, de novo. No dia seguinte acordo com barulhos de panelas, louças... Que bonitinho, ele está fazendo café pra mim! Mas não era ele. Era a MÃE dele, que achava que eu era a nova namorada do filho, e estava fazendo um banquete de café-da-manhã pra mim! Ela era uma búlgara super simpática, mas não falava uma palavra de inglês. Ele ficou sentado no meio, traduzindo pra uma e pra outra. Imaginem a decepção na cara dessa mulher quando eu disse que não era a namorada e que estava indo embora em algumas horas?! Ela chorava, me abraçava, me pedia pra ficar... hahahaha.
Consegui me desvencilhar da "sogra chorosa" e fomos procurar o albergue. De dia eu conseguia enxergar as coisas e, quando avistei o Starbucks que ficava na rua do hostel, quase chorei de alegria! Peguei minhas coisas (meu passaporte também, dessa vez) e o búlgaro fofo foi comigo até a parada de ônibus. Da mesma forma que existem filhos da puta, como vários que eu encontrei no caminho, também existem os anjos da guarda, como ele. Nos despedimos, ele chorando (búlgaros são muito sentimentais...rs) com promessas de ele me visitar em Barcelona, mas nunca nem trocamos e-mail. Depois de tantos percalços durante essa viagem, não via a hora de voltar à Itália...

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